Qual o papel de um sênior dentro da equipe?

Desde o final do ano passado tenho buscado alcançar um novo degrau na minha carreira. De lá pra cá, muitas coisas aconteceram. Então, nessa primeira postagem de 2017 venho compartilhar um pouco do que aprendi nessa busca pelo título de senioridade.

Paula Grangeiro
Paula Grangeiro

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Antes de começar, um pouco sobre mim

Trabalho com desenvolvimento web desde 2008, quando tive o meu primeiro estágio na área. Comecei programando profissionalmente com ASP clássico e segui carreira nas linguagens Microsoft — passando por VB.Net e C# — até 2012, quando conheci Python. Na maioria dos locais por onde passei, sempre tive que lidar com o desenvolvimento desde o frontend, passando pelo backend, até as camadas mais baixas de implementação, como banco de dados, deploy ou configuração de servidores. Isso fez com que eu desenvolvesse um perfil generalista: Posso não possuir um conhecimento profundo sobre algum framework JavaScript ou alguma base de dados específica ou até mesmo Python — como gostaria. Mas sou capaz de projetar, desenvolver e implantar uma solução web funcional utilizando qualquer coisa (certo, pedra e palitos de madeira não servem haha).

Claro que ter esse tipo de perfil tem seus problemas. E aí começa a minha peregrinação.

O que significa ser sênior?

Em 2016 decidi que queria ser sênior simplesmente pelo desafio técnico: Ter maior liberdade (e responsabilidade) na escolha de uma ferramenta ou implementação; Lidar com problemas mais desafiadores do que aqueles com o qual já estava acostumada no dia-a-dia; Auxiliar meus colegas juniors e plenos nas tomadas de decisões. A minha visão de qual era o papel de um sênior dentro da equipe correspondia ao que eu enxergava dos meus colegas sêniors com quem trabalhei até então. Descobri que esse era um viés limitado e que alcançar a senioridade significa muito mais do que apenas ser capaz tecnicamente.

É sobre relacionamentos

Não adianta ter todo o conhecimento do mundo se aquele colega de equipe não quer saber sobre. Ou tentar empurrar uma solução para algum problema nem tão grave assim — que por experiência você sabe que existe mas que pela falta dela os demais membros da equipe não. Faz parte do papel de sênior construir uma relação de confiança com os membros da equipe. Através dessa relação, torna-se mais fácil a abertura para passagem de conhecimento e diminui-se a resistência às mudanças. Construir esse relacionamento por vezes inclui ceder para uma gambiarra simplesmente porque nem todos ainda estão prontos para te acompanhar.

É sobre saber o que esperam de você

Líder técnico? Guardião dos prazos? Blindagem ao cliente ou dos colegas de equipe? Funcionário troféu? Muitas coisas podem-se esperar de um sênior e isso varia de empresa à empresa, equipe à equipe. E nem sempre requisitos não técnicos são citados antes da contratação ou mesmo na descrição da vaga. Portanto, se você tem dúvidas do seu papel, pergunte claramente ao seu gerente ou superior imediato o que esperam de você neste momento para a sua equipe.

É sobre autoconhecimento

Sabendo o que esperam de você, quais funções pode executar perfeitamente? Quais você ainda precisa melhorar? Ser sênior também significa saber sobre os seus pontos fortes e fracos — e buscar o aperfeiçoamento constante destes.

É sobre ter confiança

Durante muito tempo hesitei em inscrever-me para vagas que possuíam a palavra sênior na descrição, mesmo preenchendo todos os requisitos. Tinha em mente que para ser sênior deveria escrever dezenas de livros sobre software ou ter repositórios no GitHub com mais de 1k de estrelas. A verdade é que se você preenche os requisitos e passou no processo seletivo, você está apto para o papel.

É sobre saber que você não é sênior em tudo!

Algumas empresas precisam de sêniors que tenham conhecimento em todo o processo de desenvolvimento de software. Outras de sêniors capazes de escovar bits de desempenho. Outras de sêniors que conheçam minimamente 2, 3 linguagens. Outras de sêniors que sejam especialistas em uma linguagem específica. Então tenha em mente que você pode não ser sênior em tudo. E tudo bem com isso!

Essa postagem surgiu depois de um tópico de discussão na comunidade mais linda do Brasil. Muito obrigada a todos que colaboraram! (especialmente à Darlene Medeiros, Anna Cruz, ao meu Ailen Tomaz Cunha por suas palavras de apoio nos momentos de crises existenciais).

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Programadora por profissão, desenhista nas horas vagas e colecionadora de gatos.