Django Girls Rio de Janeiro em dados

Paula Grangeiro
Paula Grangeiro
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6 min readMay 17, 2019

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Este texto foi originalmente escrito em abril de 2016. Infelizmente nunca concluí o rascunho, mas diante de tanto tempo acredito ser melhor publicá-lo agora do que nunca. Espero que as informações aqui contidas sejam úteis de alguma maneira e perdão por ter demorado tanto tempo para torná-lo público.

O Django Girls é uma iniciativa internacional criada pelas irmãs Ola Sitarska e Ola Sedencka em 2014. O primeiro evento Django Girls aconteceu na EuroPython do mesmo ano, em Berlim. As 45 vagas foram extremamente concorridas por 310 pessoas, de 33 países diferentes, que se inscreveram com interesse em participar do workshop gratuitamente. De lá para cá, já foram realizados mais de 89 eventos, auxiliando mais de 2785 girls, segundo dados do relatório anual da organização.

Hoje completa-se um mês desde a realização da última edição do Django Girls no Rio de Janeiro. E para reviver a memória do evento, nada melhor do que analisar os seus dados para entender melhor os desafios e os louros de se organizar um evento desse tipo.

Custos

Quando decidimos realizar uma edição do Django Girls na semana da mulher tínhamos certeza de que ela deveria ser incrível para as participantes. Vínhamos de uma sequencia de eventos realizados por R$200,00 (sim, é possível). Ainda não descobri se de fato as empresas não patrocinam iniciativas como estas ou se estamos falhando em algum ponto da comunicação…

Camiseta Quality em Slik Screen produzida na Dimona.

Então para esta edição decidimos não contar com patrocínio. Com a ajuda das demais PyLadies do Rio de Janeiro, produzimos e vendemos camisas para custear o evento. Havíamos tido uma experiência parecida no Django Girls de São José dos Campos, só que utilizando a plataforma do Vitrinepix, o que fez com que não arrecadássemos muito (o Django Girls São José dos Campos se enquadra na sessão de eventos por R$200,00). Dessa vez, pesquisamos e decidimos produzir as camisetas direto com uma confecção. Os prós: poder decidir a qualidade do produto — desde o material da camisa quanto ao método de estamparia — , acompanhar a confecção para saber se está de acordo com o que esperávamos e, principalmente, o baixo custo de produção quando encomendávamos grandes quantidades. Os contras: toda a correria que os prós nos geravam. Agora tínhamos que controlar o a encomenda de pedidos, contabilizar quanto estava sendo arrecadado e por quem, programar idas e vindas à confecção para acompanhar a produção das camisas. Tudo acabou funcionando tão perfeitamente quanto um conjunto de engrenagens e quanto a isto sou eternamente grata por participar de um grupo de meninas tão engajadas quanto o PyLadies Rio.

Com a confecção e venda de camisas garantiríamos o coffee do evento, que sempre é a nossa maior preocupação. Neste momento decidíamos se nós mesmas iriamos prover a alimentação do evento, fazendo sanduíches e bolos um dia antes do workshop, ou se iriamos contratar um serviço para o coffee. Caso provêssemos a alimentação, sobraria alguma verba para garantir brindes às participantes — item 2 de importância para o evento. Inesperadamente, 3 semanas antes do dia do workshop conseguimos um patrocinador Ouro!

Graças à Thaíssa que nos conectou à BigData Corp. pudemos prover uma experiência incrível às participantes. Agora não tínhamos que decidir mais entre brindes e coffee. Além disso, também descobrimos o preço de uma experiência completa, uma informação que até então não tínhamos. Considerando que um dos parceiros cedeu espaço para a realização do evento gratuitamente e o custo Rio de Janeiro, para 30 girls a realização de um evento desse porte custa aproximadamente R$ 3.000,00.

Os brindes do evento incluíam adesivos e camisas para todas as participantes e treinadores.

Engajamento

Esta edição foi de longe a que mais me dediquei às redes sociais. Não houve um dia em que não tivéssemos uma postagem nos perfis do evento. Durante o fim de semana, preparava as peças exclusivas que seriam compartilhadas durante a semana. Até assinamos o Buffer — mas descobrimos que não valia a pena :P

Pico no alcance de publicações uma semana antes da abertura das inscrições.
Reações alcançaram um pico no dia seguinte ao workshop.
Tivemos baixa rejeição à página, então acho que a comunicação estava funcionando haha

O engajamento do nosso público era visível em todos os comentários e compartilhamentos, mas a certeza disso teríamos na abertura das inscrições.

Inscrições

Tivemos um total de 372 inscrições em um período de três semanas. Em três dias de inscrições, já havíamos excedido 100 submissões. Com este volume não precisamos divulgar o evento em nenhum outro ambiente que não fosse o virtual. As inscrições vinham de 24 cidades diferentes, algumas delas fora do estado do Rio de Janeiro.

Total de inscrições agrupando algumas localidades.

Pela primeira vez, de todas as edições que participei da organização, teríamos que selecionar as participantes. As organizadoras então estavam incumbidas da missão de ler cada formulário de submissão e pontuar com um número de 1 a 5, assim poderíamos obter uma nota média de cada inscrita. Com essa abordagem, a primeira colocada teve apenas 0,375 de diferença da última selecionada.

Durante o processo de confirmação, obtivemos 16 desistências, mas nesse caso a fila de espera funcionou muito bem e conseguimos manter a lotação das 30 vagas no dia do workshop.

Nos formulários de inscrição não fizemos distinção por gênero, mas levando em consideração o nome de submissão, claramente, foi massiva a presença de girls nas inscrições. Lembrando que essa edição do Django Girls não foi um evento exclusivo.

Quanto ao nível de conhecimento, a maioria das nossas inscritas eram totalmente iniciantes, seguidas por aquelas que já possuem algum conhecimento em HTML e CSS.

Treinadores

Recebemos 34 inscrições de treinadores para somente 10 vagas disponíveis. Sendo assim, também tivemos que selecionar os candidatos à treinadores e adotamos a mesma abordagem de seleção das participantes: todas as organizadoras votaram em cada formulário de inscrição. Optamos por convocar 12 treinadores, pois imaginávamos que realocar treinadores poderia ser bem mais complicado do que realocar participantes. Por sorte, houveram somente duas desistências o que garantiu o número certo de treinadores para o evento.

Uma boa surpresa: a presença da Victoria Martinez, representando o Django Girls Argentina. Ela havia entrado em contato conosco via email, demonstrando o interesse em participar como meta coach. Não tem como rejeitar um pedido desses, né?

O grande dia

Dois dias antes do workshop, fomos avisadas de que a sala onde iria ocorrer o evento havia entrado em manutenção. Apesar do baita susto que tomamos, o Instituto Infnet já havia nos disponibilizado outra sala para realização do evento.

No dia do workshop toda logística correu perfeitamente bem. No momento do credenciamento, decidimos identificar as meninas iniciantes daquelas que já possuíam algum conhecimento. Dessa maneira conseguimos agrupar participantes e treinadores de acordo com o seu nível de experiência.

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Programadora por profissão, desenhista nas horas vagas e colecionadora de gatos.